domingo, 30 de setembro de 2012

Coração de silício


Ele abriu o arquivo do seu coração
Selecionou suas fotos antigas
Criou uma nova pasta chamada saudade
Deletou seu programa de lembranças passadas
Enviou todo conteúdo para um pen-drive
Removeu o dispositivo com segurança
Pendurou em chaveiro
Desligou o computador
E saiu assoviando...

Autor: Gilberto Fernandes Teixeira.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Efeitos



Nada além de simples efeitos
Sobre correntes de ouro puro
Uma rosa saindo do vazio
Contorcendo para a vida.

Rosa imaginária...
Fruto da distorção da luz
Não é um trabalho dos pinceis
Mas de um pintor sem penas.

Cuja tela não tem limites
Cujos limites não tem bordas
Cujas bordas nem são bordas
E cujas tintas não tem cores.

São apenas alguns efeitos
É FEITOS do nada!

Autor: Gilberto Fernandes Teixeira

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Relógio biológico.



Cai a areia do tempo
Soterrando pensamentos
Apagando memórias
Produzindo o esquecimento.

Nada sobrará
A não ser este deserto
Um relógio biológico
Quebrado.

Mas seria eternidade um ciclo?
Um retorno além do nada
Resta saber se Deus
Vai virar a ampulheta.

Autor: Gilberto Fernandes Teixeira

sábado, 22 de setembro de 2012

Primavera.


Só porque a flor
Esperou setembro
Para abrir
Assim.

Suavemente
Que o beija-flor
Tão enciumado
Nem percebeu

Que já era
Primavera.

Autor; Gilberto Fernandes Teixeira

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

A poesia voa.



A poesia é um balão
Inflado com o ar do coração
Não tem rotas
 È pura imaginação.

A poesia sobe sem esforços
Voa pelo céu
Pousa no papel
Libera as emoções.

A poesia é uma casa
Um cesto de utopias
A deslizar no horizonte
Da mente de um sonhador.

Autor: Gilberto Fernandes Teixeira

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Esboço


Sim!
É apenas um esboço de coração
No vazio
Na rota da noite

Mas ele pulsa
Tem estrelas
É vermelho
E traz sangue.

Sim!
É apenas um esboço de coração
Na contra mão da vida
Esforçando-se para não ser esquecido.

Autor: Gilberto Fernandes Teixeira

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Tsunami


Amor, amor e amor
Dor, dor e muita dor
São a verdadeiras marcas
Que ficam.

Uma tsunami na alma
Varrendo pensamentos
Carregando ilusões
Deixando vazios.

Não estacione em corações
Dizia a placa!
Estacione ao lado do peito
Pois lá há vagas...

Autor: Gilberto Fernandes Teixeira

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Locomotivo.

Foto: Blog Zé Povinho 

Sou apenas uma estação no meio do nada
Meu trem quer partir de mim mesmo
Mas não tenho destino
Também não tenho cabeça.

Minha bagagem é a vida
Não à levo nem à trago
Por aqui, sempre espero
Como os  dormentes dos trilhos.

Sou assim meio eqüidistante
Ora vindo, ora indo...
Fazendo linhas paralelas
"Um louco-motivo"

Autor: Gilberto Fernandes Teixeira

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Novas possibilidades.



Longe se vão os corações
Em busca de outros planetas
Facetas e imagens mui distantes
A sonharem com a vida no além.

Nossa curiosidade de gato
A vasculhar pelo universo
Um longínquo verso novo...
Um passo sobre o desconhecido.

O que descobriremos?
O que encontraremos?
Talvez tudo,
Ou talvez nada.

E assim enviamos sondas
Foguetes, satélites e robôs.
Que nunca voltam,
Mas que sempre deixam espaços.

Para as novas possibilidades.

Autor: Gilberto Fernandes Teixeira

domingo, 9 de setembro de 2012

Circo de pulgas

A lente da vida...
A esperar pelo espetáculo das pulgas
São pulos sobre o nada
A criarem uma utopia ativa.
O circo imaginário
O palhaço sorridente
A bailarina inocente
Um sonho digital.
Domestificação de insetos
O sangue sendo sugado
O picadeiro e a lona
Tudo por trás das cortinas.
O bebado e o equilibrista
Ilusões de ótica
Serrado  ao meio
O mágico e o malabarista.
Acenderam os holofotes
Procuraram por um  corpo
Recebeu aplausos e risos
Mas não fez sucesso nenhum.
  
Autor: Gilberto Fernandes Teixeira

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

A cópia.



Minha sociedade animal,
Meu pensamento racional.
Meu idioma codificado,
Sem significado...

Passo horas inertes,
Coçando a cabeça,
Queimando neurônios
Revendo o passado.

Não invento mais nada,
Redescobri o plágio.
Tranqüilidade e preguiça.
“Na natureza nada se cria”

Mas tudo se copia...

Autor: Gilberto Fernandes Teixeira

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Linha do horizonte


Uma linha tênue
Corta o espaço.
Horizontes,
Imaginários.

Nada além do céu,
De nuvens brancas,
Pensamentos vagos
E pássaros voando.

O papel branco,
Esperando letras.
Adormece...
Enquanto sonho.

Uma poesia em transe,
Meditação!
Ingrata profissão!
A de fingir amar.

Horizontes...
Novos horizontes,
Um cavalo por sobre a ponte,
A atravessar o mar...

Autor: Gilberto Fernandes Teixeira

sábado, 1 de setembro de 2012

Scanner


Há um scanner por sobre a carne
A digitalizar números e códigos
Somos apenas mercadorias
Nas prateleiras da vida.

Meu poema número 27035-24076,
Minha data de fabricação violada,
Meus ingredientes humanos falidos,
E a minha data de validade vencida.

Autor: Gilberto Fernandes Teixeira